terça-feira, 27 de abril de 2010

Quase uma propaganda da Nextel

Quando eu aprendi a andar, eu usava calça boca de sino e passava minhas tardes assistindo o Pica-pau deitada no sofá laranja. Gostei de Menudo, fazia as coreografias e colecionava álbum de figurinhas. Usei polainas, tênis iate quadriculado e camisetas com cores gritantes e pulava elástico no recreio. Ia em bailinhos de garagem e dançava com a vassoura. Conheci o heavy metal e só me vestia de preto, até na praia. Ouvia Metallica, Megadeth e Sepultura. Fiquei mais glam e troquei por Skid Row, Guns 'n' Roses e Poison e fiz as pazes com as cores. Virei grunge e no meu armário só tinha camisa xadrez. Coloquei um piercing no nariz (que eu uso até hoje), no umbigo, na língua e vários nas orelhas. Conheci o britpop e frequentava o Armageddon, a Torre e o Retrô quando era atrás da igreja. Falava com meus amigos pelo ICQ e pelos chats da UOL. Comprei infindáveis CDs, principalmente os importados, pois aqui era difícil achar Pulp, Terrorvision e Redd Kross. Achei que seria jornalista. Nunca consegui gostar de música eletrônica, mas fui em uma rave. Saí da casa dos meus pais e descobri minha independência. Usei drogas e beijei outras meninas. Fiz sexo com quem eu quis. Mudei de profissão e descobri que a fotografia é minha vida. Casei e achei que a vida podia ser mais calma. Seis meses depois, caí de volta na balada. Batia cartão na Loca e descobri que os anos 80 eram legais. Ouvi Soft Cell, B52's e Wham. Casei de novo e descobri que não tenho vocação pra ser mãe, mas tenho quatro cachorros. Acho que a internet foi a melhor invenção do homem depois da roda. Hoje meu gosto musical está mais variado e apurado. Escuto Bon Jovi, Oasis, Pearl Jam, Michael Jackson, Gloria Gaynor, Sam & Dave, The Killers, Madonna, Lady Gaga e Michael Bublé. No shuffle do ITunes, sem crises. Tenho orgulho de ter 34 anos.