domingo, 8 de março de 2015

Acho que valeu a pena

Ontem foi a festa de 1 ano do Gabriel. Eu tinha acabado de sair de uma semana de quimio, mas não perderia por nada. Coloquei meu melhor vestido, meu lenço de pirata, meu melhor sorriso e fui à luta. Melhor decisão da minha vida. Estava cansada, mas a alegria de rever amigos, que eu tinha me afastado desde o começo do tratamento, foi revigorante. Estar em um ambiente fechado pode propagar vários vírus e doenças que minha imunidade baixa não resiste. Mas ninguém comenta sobre o amor que se propaga em uma festa cheia de pessoas queridas, celebrando a vida de um serzinho que nem sabia o que estava acontecendo, mas estava sendo bombardeado de carinho e atenção. Peguei gripe e felicidade. Acho que valeu a pena.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Mas tem aqueles dias...

O que você faz de 6 em 6 horas? Eu tomo antibiótico. 6 da manhã. Meio-dia. 6 da tarde. Meia-noite. No "Manual do Paciente em Quimioterapia" eles dizem que eu tenho que dormir por 8 horas toda noite. Como? Agora vocês já sabem de onde vem minha fraqueza, minha falta de humor, minha falta de apetite. Tenho os amigos mais lindos do mundo e adorei cada mensagem de força. Aliás, força eu tenho, mas às vezes ela some, se esconde, mas logo ela volta. Não sei qual seria minha outra opção. Meus pais me ensinaram que a gente deve seguir em frente. Quando um problema aparece, a gente resolve e segue em frente. Simples assim. Isso se chama viver. E quando eu não consigo viver do jeito que eu estou acostumada, indo trabalhar, e tenho que ficar em casa porque eu não consigo dirigir, estou com tontura, enjoo, eu fico me sentindo a pior pessoa do mundo. E, sim, eu continuo trabalhando. Sempre que dá. Hoje estou melhor. Amanhã estarei melhor ainda. Mas tem aqueles dias. Como todo mundo tem.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mais um retorno

Quase 5 anos. Aí eu me lembro que tenho um blog. Que tenho capacidade pra escrever. Sou jornalista diplomada. Uma arcaica em meio à modernidade. E lembro que tive câncer. E que estou em tratamento quimioterápico pra remover o fantasma que essa doença deixa. Que não posso fazer nada legal que as outras pessoas estão fazendo. Não posso ir na exposição da Mafalda ou do Castelo Rá-Tim-Bum, não posso passar férias na praia, não posso sair nos blocos de Carnaval. Como se eu fosse fazer alguma dessas coisas mesmo se eu estivesse bem. A realidade do que você pode ou não fazer é traçada por você. Ficar triste porque "não pode" é uma estupidez. Faço tudo o que eu posso, nem sempre tudo o que quero, pois eu tenho educação. E o que eu quero agora é reavivar esse blog, pra que eu possa contar como eu vejo essa etapa da minha vida. Não vou ajudar ninguém a superar nada. Cada um que cuide do seu cada um, mas por pra fora ajuda. E eu pretendo me ajudar.