quinta-feira, 13 de novembro de 2008

No Alarms And No Surprises

Não é o máximo quando a gente conhece alguém novo? As primeiras conversas são sempre o máximo, você começa a descobrir quem é aquela pessoa na sua frente. E a cada palavra, uma pecinha do quebra-cabeça vai se encaixando. E você vai criando uma imagem idealizada, praticamente perfeita e começa a acreditar que aquela é a tampa da sua panela, a metade da sua laranja e tantas outras expressões de cunho popular que não caberia aqui.

E o melhor é quando vocês têm tudo em comum. “Não acredito que você também adora a versão de Sweet Jane do Cowboy Junkies!”. “Claro. É bem melhor que a do Velvet”. E por aí vai. Quando você menos espera, já estão um completando as frases do outro. E, enquanto o romance vai florescendo, as músicas vão se encaixando. De mansinho. Durante o primeiro beijo, estava tocando Angie, dos Stones. Durante a primeira transa, Morrissey dizia que There’s a Light That Never Goes Out. Durante o primeiro eu te amo, Radiohead, No Surprises.

A vida fica tão bonita quando a gente tem música para todos os momentos. E eu, que sempre fui fã dos bons e velhos cds, adorava montar a trilha sonora da minha vida. Muito antes da Kiss FM usar o bordão. Ou sequer existir. Uma pitada de New Order, True Faith, seguida de My Sacrifice, do Creed. É bom deixar bem claro que quando você está apaixonado, perde um pouco do discernimento e acaba ouvindo coisas como Creed. Mas, felizmente, isso passa.

Como nem tudo são flores, um dia você descobre que aquela metade da laranja estava azeda. E que o que seja eterno enquanto dure é verdade. Aí vem a parte chata, dividir os bens. E pra lembrar quem comprou que cd? Sem contar aquele que você sabe que não é seu, mas vai fazer a maior falta. Se eu fosse catalogar todos os cds que eu perdi ao longos dos anos, dava pra montar uma loja. Alguns eu sinto falta até hoje. Como a trilha sonora do Assassinos por Natureza, do Romeu e Julieta, o primeiro do Live. Não que eu não os tenha recuperado. Pra isso serve o emule. Mas eu acho super legal ter a caixinha, o encarte.

Eu sou da época que comprar um cd era um evento. Você esperava ansiosamente o lançamento. Ia até a Galeria do Rock, encontrava os amigos, colocava a conversa em dia e via tudo o que tinha de novo. E voltava pra casa feliz com sua nova aquisição. E aí era só colocar no aparelho som e acompanhar as músicas lendo o encarte. Como eu sinto falta dos encartes. Alguns eram tão bacanas. Cheio de fotos e com as letras das músicas.

Hoje em dia isso não faz mais sentido. Eu não tenho o costume de gravar minhas músicas em cd, afinal só escuto no computador. Mas continuo com a mania de montar trilhas sonoras. Afinal, músicas me lembram pessoas e pessoas me lembram músicas. E nada mais legal que ouvir aquela música e lembrar de alguém querido...

3 comentários:

Flavio disse...

"No alarms and no surprises" está no meu top 3, reveando de vez em quando com "Karma Police". :P

Anônimo disse...

é...voce tem razão...
toda vez que eu ouvir 'total eclipse of the heart' eu vou lembrar de vc naquele estudio!
hahahahaha

Jeff Barcellos disse...

Aquele gritinho afetado do morrissey, me lembra tardes tediosas na lapa. Com você e Juneca se esbaldando de rir da minha cara.
Saudades!!!!!!!!
Sua sobrinha Alice adora Smiths, vai saber?
Beijos.
Je