sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Vivi e Paulinho

Acabei de receber um convite para uma festa de Halloween. Vai ser na casa da Vivi e do Paulinho na sexta-feira dia 31. Fantasias obrigatórias, favor colaborar com as bebidas, maratona de filmes de terror. Convitinho bacana, bem feito, design legal, me deu até vontade de ir, de tirar aquela velha capa de vampira do armário. E encarar a 25 de março atrás de uma dentadura nova.

A Vivi e o Paulinho sempre curtiram essa história de vampiro, de ser gótico, usar preto. Já namoraram no cemitério, fizeram reuniões para evocar os espíritos e gastam a maior grana com brinquedinhos do mal. Acho super bacana, principalmente porque eles sempre foram fiéis a essa identidade. Nunca tentaram mudar e nunca se importaram com a opinião alheia. A casa deles é ótima, paredes pretas, paredes vermelhas, paredes brancas com teias de aranha pintadas. Muitas caveiras, muitas abóboras, um pôster maravilhoso do “Estranho Mundo de Jack”, que eu sempre quis um igual. Isso é no dia a dia, imagina a decoração pra festa.

Lembro de uma vez que eles brigaram feio. A Vivi ficou puta porque o Paulinho tinha beijado outra menina no show do Marilyn Manson, que ela não pôde ir porque estava trabalhando. Arrumou a mala e foi pra Londres (pra onde mais ela iria, não?) ficar na casa de uns amigos. Acho que eu nunca vi o Paulinho tão desesperado na vida. Ligava quase todo dia, mas ela não queria falar com ele de jeito nenhum. Conseguiu uma licença do trabalho e foi atrás dela uma semana depois.

Achei que esse namoro ia pro vinagre quando recebi a notícia pela Roberta. “Sabia que a Vivi e o Paulinho voltaram? Resolveram morar lá em Londres por uns tempos”. E “uns tempos” significou três anos. A gente se falava quase toda noite pelo ICQ e a Vivi me disse que resolveu perdoar o Paulinho porque assim que ela chegou lá, sozinha, deprimida e sem um pound no bolso, acabou ficando com o Mike, um conhecido nosso que tinha vindo ao Brasil pra passear um ano antes. Perdoou por culpa.

Mas se o tempo não apaga as marcas, pelo menos ameniza. E a Vivi e o Paulinho nunca mais se separaram depois dessa empreitada internacional. Quando voltaram pro Brasil, trouxeram vários presentes pros amigos. Eu ganhei um batom preto. Que eu tenho até hoje. Praticamente intacto porque eu só uso uma vez por ano, na festa de Halloween deles, no sobradinho do Butantã. E eu que queria tanto o pôster do “Estranho Mundo de Jack”.

2 comentários:

Ana disse...

Seus contos são como álbuns de fotografia. É clara a presença do retrato, bastante forte no seu trabalho como fotógrafa, nos textos. Não os leio, os vejo como se estivesse vendo um álbum de família.

Unknown disse...

"Raloin"? É Dia do Saci! rsrsrs